sexta-feira, 19 de março de 2010

Bodas de Prata

Entrei no táxi para uma viagem relativamente curta. Indiquei ao taxista a direcção do hospital onde tinha marcado uns quantos exames para averiguar a origem das minhas alergias cada vez mais intensas, que me acentuam a rouquidão da voz e dão um certo tom fanhoso ao meu discurso.
Perguntou-me de onde era - e eu a pensar que falando pouco já conseguia disfarçar a minha condição de emigrante.

- Portugal? Foi o único país estrangeiro onde até hoje estive
.

A mulher de Badajoz. atravessar a fronteira de manhã cedo. tomar um café em Elvas. comprar umas toalhas, talvez. pagar em escudos. dizer obrigado. e pela tardinha regressar ao sossego do lar, que o dia foi já demasiado agitado e não há sensação tão boa como a de nos sentirmos, sãos e salvos, em Casa.
Falou-me ainda dessa viagem de sonho, promessa ainda por cumprir, à bella Itália.
Viagem dos amantes recém-casados. lua de mel prometida entre dois tragos de champanhe. gôndolas e fontanas. pizzas e rizottos. palácios e catedrais. Viagem tantas vezes adiada. lua sem mel. boda sem sal.
vidinha.
Depois de tantas não-viagens, este ano, taxista e sua mulher, celebram as bodas de prata.

Sem comentários: