
Estou consciente de que cada vez que mergulho num romance de Murakami o meu corpo se prepara para fantásticas revelações, proporcionando-me, ao virar das páginas, uma progressiva aproximação a uma verdade cósmica.
Nos tempos de Ursa Menor e de Creta Cano, quando o Pássaro de corda dava ao bico todas as manhãs para me despertar, não havia um dia em que não me olhasse ao espelho, à espera de ver nascer no meu rosto uma mancha escura e quente, viva e palpitante, semelhante à de Toru Okada e à do avô de Canela. Não sei já dizer quantos dias vivi dentro daquele poço em paradeiro desconhecido, mas a intensidade da experiência foi tal que o sinto como se tivesse sido ontem.
Quase um ano depois, vejo-me envolvida numa árdua e fatigante tarefa: a busca do carneiro com uma estrela no dorso, esse que entra pelo ser humano dentro sem pedir licença, alojando-se em segredo e infiltrando-se ao mais alto nível no modus vivendi do indivíduo eleito.
Foi durante as minhas investigações que encontrei esta notícia alucinante:
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