No Metro de Madrid

Hoje decidi mudar de rota: não apanhei o metro de Lavapiés até Moncloa e de Moncloa a Ciudad Universitaria; não percorri aquele caminho interminável desde o metro de Ciudad Universitaria até à Facultad de Bellas Artes, que inclui a passagem por um túnel pouco simpático e às vezes até um pouco assustador.
Hoje não sei se tirei o dia para mim ou se foi o dia me tirou para ele.
Saí no metro de Bilbao, com o rosto cinzento e as pupilas a pesarem-me na cara, até que,
à medida que me aproximava da saída, a minha expressão começou a mudar progressivamente. Ouvia uma música familiar...cada vez mais perto...
Qual não é o meu espanto quando me deparo com aquela personagem que um dia conheci no Andanças, cuentacuentos de profissão e músico de quando em vez que, acompanhado de mais quatro ou cinco músicos, presenteava os utentes do metro Madrid com um semi-improvisado concerto de músicas tradicionais europeias!

O sorriso não me coube na cara; a moeda que queria ter dado não me cabia no bolso.

"Ela sabe dançar isto!", gritava, entre dois acordes, aos seus companheiros. "Ela sabe dançar!"

Por milésimos de segundo tive uma esperança secreta de que alguém irrompesse de onde quer que fosse e me arrastasse para uma sensual mazurka, no metro de Madrid.
Por milésimos de segundo pensei que aquele seria um bom sítio para passar a minha tarde livre. No metro de Madrid.